terça-feira, 16 de outubro de 2012

Interior Rock Clube entrevista: Seu Eugênio

No dia 08/09/12 (Sim, estamos atrasados), estivemos na Mystery Rock Store de Presidente Prudente conversando com nosso querido amigo Seu Eugênio, propretário da Mystery e dono de uma longa história de vida baseada no Rock and Roll. Seu Eugênio nos contou sobre sua trajetória, suas bandas favoritas e relembrou boas histórias, tanto de Prudente como de outros lugares conhecidos deles. Com vocês, Seu Eugênio no 'Interior Rock Clube'.

Interior Rock Clube: Seu Eugênio, obrigado pela entrevista e, para começarmos, a gente queria saber como o senhor começou a gostar de rock. Qual a sua história com ele?

Seu Eugênio: O rock and roll pintou pra mim quando eu ainda morava no sítio. Meus irmãos estudavam fora, na cidade grande, e lá a cena do rock já existia. Nos fins de semana que eles passavam em casa e levavam alguns discos. Compactos do Elvis Presley, Chuck Berry e os que faziam sucesso na época. Mas a gente costumava ouvir um pouco de tudo. Meu pai era violinista nas horas vagas e ouvia concerto do Paganini que meu avô trouxe da Itália, minha avó ouvia ópera e ao mesmo tempo, quando eu casei, minha esposa tinha uma dupla de música caipira. Então era uma mistura de tudo, cresci ouvindo um pouco de tudo. Tenho um grande respeito pela música caipira, a de raiz. Eu vim de uma geração que ouvia muito MPB, protestando algumas coisas, como o rock também.

IRC: Então, o seu estilo favorito dentro do rock é qual? Suas bandas favoritas.

Seu Eugênio: Além dos Beatles, dos Stones, tem o Led Zeppelin, Pink Floyd, as progressivas da época, o Yes, o ELP e também Black Sabbath, alguns clássicos.

IRC: O senhor toca algum instrumento? Já teve banda?

Seu Eugênio: Não, não. Uma vez eu fui aprender a tocar violão mas o professor era muito bom e eu não quis faze-lo perder tempo (Risos). O professor era o José da Conceição que acompanhou muitos clássicos da bossa nova. Então, ao invés de ir em casa para dar aula, às vezes a gente ficava ouvindo os discos que tinha e não estudava violão. Sei só um 'dim dom dom' mas não sai disso. Comprei um contra-baixo acústico que eu gosto muito da sonoridade, mas aí não tinha professor e eu acabei vendendo.

IRC: Aproveitando que o senhor estava falando da música caipíra, o que o senhor vê da juventude, no sentido musical? Como eles acabam sendo influenciados por outros tipos de música que nem sempre são boas, por que o senhor acha que isto acontece?

Seu Eugênio: A formação musical começa em casa, tanto pela rádio ou por discos que os pais ou irmãos mais velhos tem. No meu caso, meus irmãos que fizeram ouvir outras coisas. A programação de rádio eu acho muito fraca, terrível, principalmente aqui no interior, com raras exceções. Eu acho que a melhor música é aquela que a gente gosta. Agora, tem umas músicas que, num contexto, foge do padrão de qualidade. Mas não tenho nenhum preconceito com nenhum estilo. A gente vai encontrar músicas boas e músicas ruins em todos os estilos. Eu gosto muito de Jazz, que eu acompanho a muito tempo. Então, rock, jazz, música instrumental em geral e MPB é o que eu mais ouço.

IRC: E o senhor começou a loja por que? Da onde veio a ideia de abrir a loja?

Seu Eugênio: Antes de eu me mudar pra cá, eu trabalhei sempre com produção de eventos. Eu morava em Araraquara e tinha o circuito universitário com os cantores que estavam em auge na MPB como o Gil, Caetano, Jorge Ben Jor, Betânia, Tom Zé, José de Abreu e outros. Eles participavam do circuito universitário e faziam isto em muitas cidades com valores de cachê baixos que eram definidos pela portaria. Isso permitia que a realização de shows com estes artistas em espaços menores. Era um preço bem acessível aos estudantes e eram muito bons. Então, eu sempre trabalhei com a venda da música. Quando eu me mudei pra Prudente eu ainda era representante de gravadoras. Representava uma multinacional e gravadoras pequenas chamadas culturais. Quando eu encontrava alguns representantes de gravadoras grandes em Riberão Preto ou Bauru, eles me viam com a minha pastinha e já falavam 'Lá  vem o Cultural' (Risos) porque eu representava as gravadoras pequenas. Essa profissão, com a internet, praticamente terminou. Eu trabalhei até um dia em que o cara que comprava de mim em Riberão Preto me chamou no escritório e perguntou 'Eugênio, qual é o maior preço que você tem?' 'Ah, é X' 'E o menor?' 'Ah, é Y'. Então ele abriu o site da gravadora que eu representava e falou 'Esse disco seu que é o menor preço da sua tabela, entregue na casa do meu cliente, vai ser quase o preço que eu pago pra você aqui. E eu ainda tenho os encargos com impostos, funcionários, aluguel etc. E o cliente não tem nada disso e recebe na casa dele sem problema nenhum. Então, a partir de hoje, eu não posso mais comprar de representante'. Então, acabou por aí. Liguei na gravadora pra ver se eles poderiam reconsiderar os valores pra venda, uma ajuda de custo melhor pra mim, pra continuar vendendo porque, na verdade, a gente tinha um papel importante, que é uma coisa que hoje ficou ruim para os artistas que precisam vender seus cds, seus dvds, porque nós demonstrávamos o produto. Então chegávamos para o lojista e falavamos 'Olha, esse cd é tal, a gente trabalha assim, assado'. Hoje não, você entra e pede o que quer. Então eu resolvi montar uma coisa minha e montei a loja. É uma coisa que você tem que gostar. No começo, a aceitação era difícil. As pessoas achavam que se o filho usasse uma camiseta de uma banda, isso poderia afetar o rendimento dele na escola, afinal, é muito mais fácil jogar a culpa numa camiseta preta do que tentar entender o porque do filho ir mal na escola, mas isso acabou.

IRC: Mudando um pouco de assunto, já teve alguns músicos famosos que estiveram na loja, não?! Eu sei que o Viper e o Kiko Loureiro já vieram. Alguém que o senhor já recebeu era chato?

Seu Eugênio: Ah, não, nenhum chato (Risos). É sempre gratificante. Eles sempre foram muito amáveis com os fãs, com o pessoal que pedia autógrafo. Na verdade, os artistas nunca são chatos. Eles ficam na defesa, é natural. Você vê uma pessoa que te conhece mas você não conhece, então, você fica na retaguarda. O Kiko foi sempre muito amável com os fãs daqui, o Ardanuy também.

IRC: O senhor já deve ter participado de vários shows. O senhor lembra de alguns? O primeiro? O mais imporante?

Seu Eugênio: Sim, sim. O primeiro é sempre o que a gente deslumbra mais. Você já é fã de artistas e, de repente, você vai te-los próximos de você. Foi sensacional ter assistido o Alice Cooper, o Rick Wakeman, o Supertramp. Cada show é uma emoção diferente. Um que eu gostaria de assistir que eu não tive a oportunidade foi o Led Zeppelin.

IRC: Todos nós, né?! (Risos) Mas, de gosto pessoal, o senhor prefere CD, mp3 ou Vinil?

Seu Eugênio: Vinil! Sem dúvida, o Vinil. Tem um gosto que acompanha a gente. Eu gosto do Vinil porque tem uma ficha técnica que você não precisa se esforçar muito pra ler. Se existe um documento real da música desse século e do século passado é o Vinil. É o representante da música.

IRC: Hoje em dia o Vinil parou de ser uma coisa apenas de colecionador.

Seu Eugênio: Até os piratas descobrirem, né?! (Risos).

IRC: Seu Eugênio, só pra fechar, eu vou dizer três bandas e eu gostaria de saber qual o senhor sairia num dia de chuva pra ir ao show, qual o senhor pensaria duas vezes pra assistir e outro que o senhor não iria nem de graça: Beatles, Green Day e Kiss.

Seu Eugênio: Eu tomaria chuva pelos três! (Risos)

IRC: Então, Seu Eugênio, muito obrigado pela entrevista e agora, que o senhor possa mandar um recado pro pessoal.

Seu Eugênio: Eu que agradeço a oportunidade. É importante dizer que tudo isto que eu disse, desde quando eu vim de Salvador pra cá, minha esposa Neide que sempre me ajudou, está junto, minha filha Maíra e o Lucas agora, com 11 meses, dando uma força também. Isso é muito importante pra mim.

IRC: Então a gente pode falar que suas três maiores paixões são a Família, o Rock e o Tênis de Mesa? (N.E: Seu Eugênio é jogador profissional de Tênis de Mesa).

Seu Eugênio: Ah sim, o tênis de mesa! (Risos). E vocês clientes, também. Vocês fazem parte da família. O recado que eu deixo é pra vocês ouvirem boa música, sempre procurarem fazer a coisa certa, trabalhem bastante pra ganhar dinheiro e gastar aqui com a gente! (Muitos Risos).


Para mais informações sobre a Mystery Rock Store, acesse http://mysteryrockstore.blogspot.com.br/

Agradecimentos especiais a Annelize Egea, Beatriz Semensato e a minha noiva Milene Semensato Bertasso.

Carro Bomba (Pub Music N' Bar, Presidente Prudente, 14/10/12)


O último domingo (14) foi um ótimo dia para fãs de Heavy Metal Nacional. Pela primeira vez em sua carreira, o CARRO BOMBA estacionou em Presidente Prudente e fez um show repleto de energia e músicas afiadas. A Banda surpreendeu e cresce, merecidamente, a cada dia que passa dentro do cenário nacional.

O '3° Festival Casa do Rock', mais uma empreitada de Ricardo Girardi (Ex-SEMON, atual KARBURALCOOL), contou com as bandas SIGMOYD, ARKHAIKUS, PRIMATAS e KARBURALCOOL, além do CARRO BOMBA. Todas as bandas fizeram um papel excelente e animaram bastante o pessoal que estava no Pub pra curtir o festival. O número de pessoas era menor comparado ao último evento que presenciei no local (quando o SHAMAN esteve na cidade), mas mesmo assim, era um bom número.



A primeira banda a se apresentar foi o SIGMOYD. Banda antiga no cenário prudentino, hoje conta com sua formação original e teve um repertório repleto de covers do Rage Against the Machine e começou a dar um gás no pessoal. Logo em seguida, o ARKHAIKUS subiu no palco. Ver esses garotos tocando é de encher os olhos. O vocalista e guitarrista Luis Farrús tem apenas 13 anos e chama a atenção de todos ao abrir a boca no show. A banda composta apenas por uma molecada dedicada ao Heavy Metal nos dá esperança de um futuro melhor pra cena regional e nacional. Além de apresentar muitas músicas próprias, a banda fez covers incomuns de bandas como RUNNING WILD, UFO e ANNIHILATOR, demonstrando um excelente show. Não é a toa que a banda foi convidada para abrir o show do MATANZA em Santo Anastácio no dia 16/11.
Com a galera já animada, a banda PRIMATAS subiu ao palco e continuou agitando. Tocando sons setentistas, a banda fez seu papel e animou bastante, tendo o ápice do show, na minha opinião, o cover do BLACK SABBATH, NIB. Depois dos Primatas, a segunda banda mais esperada do festival subiu no palco. Pela primeira vez eu assisti o show da banda KARBURALCOOL e eles realmente me surpreenderam. A banda estava animadíssima no palco e seus membros pareciam tocar juntos a anos, tamanho o entrosamento. O vocalista Ricardo Girardi é uma voz conhecida em toda região e sua banda conta também com o Unespiano Shinoby na guitarra, Lucão Mesquita, vocal da banda AÇÃO E REAÇÃO, também da cidade, no baixo e o aprendiz do Ricardo Confessori, Marcelo Zureba na bateria, que deu um show a parte. Rodando as baquetas igual seu professor, chamou a atenção do pessoal para ele. A banda tem uma ótima presença de palco e mostra que nenhum fantasma ficou pra atrapalhar. Fez excelentes covers, desde clássicos como METALLICA e AC/DC, até bandas como GOLPE DE ESTADO e LYNYRD SKYNYRD.

Isso tudo aconteceu no palco secundário do show. No outro ambiente, o equipamento do CARRO BOMBA já estava preparado e show começou sem demora.



A banda abriu o show raivosamente com a música título do novo álbum, 'Carcaça'. Eles pareciam estar bem contente tocando lá. Normalmente, bandas que vem de São Paulo se assustam ao tocar num território desconhecido como Presidente Prudente, uma terra tipicamente infestada de música sertaneja. Mas quando vêem um bom público presente e cantando todas as músicas, as bandas se enchem de orgulho. O show seguiu com 'Sangue de Barata', 'Bomba Blues', 'Mondo Plástico' e 'Blueshit'. O setlist do show foi baseado, em boa parte, nos dois últimos álbuns da banda, 'Carcaça' e 'Nervoso', duas patadas na orelha no cenário nacional. Depois dos cumprimentos para com o público, o show seguiu com 'Bala Perdida', 'Válvula' e 'Ritimo de Fúria'. A música do último clipe da banda, 'Queimando a Largada' deu continuidade no excelente show da banda. Uma banda muito bem entrosada e que fez um show marcante na cidade. 'Overdrive Rock N' Roll' e 'O Foda-se' foram as próximas até que Ricardo Girardi foi chamado no palco para cantar com a banda 'Punhos de Aço'. A saideira começou com 'Eu sei mas não me lembro' e terminou com 'Tortura (Pau Mandado)', contando com a participação mais do que especial do pequeno vocalista da banda ARKHAIKUS, Luis Farrús.
O CARRO BOMBA fez um excelente show em Presidente Prudente e provou pra todos que a banda está numa crescente interminável e que vem alcançando a cada dia, merecidamente, um espaço maior junto das grandes bandas nacionais. E mais uma vez Ricardo Girardi faz um puta evento pra cidade, ajudando na cena regional.

Logo no 'Interior Rock Clube' entrevista exclusiva com as bandas SIGMOYD, ARKHAIKUS e KARBURALCOOL.